A propósito dos últimos filmes do Godard: Não são bem guiões ou « scénarios », nem storyboards, nem estudos preparatórios, mas uma fusão de tudo isso — um caderno-canivete —, a abstracção da própria ferramenta. São imagens fixas que apontam para o movimento futuro, uma montagem que se desdobra folha a folha. Neste hábito artesanal, o maître-artisan tacteava filmes, estudava continuamente uma forma de arte, esboçando exercícios circunstanciais sobre fragmentos da história; a sua e a dos outros. Vemos uma espécie de workshop : filma-se o personagem principal, o mestre Jean-Luc, à mesa do seu estúdio, com um scrapbook repleto de imagens e palavras, dirigindo um novo projecto, explicando, página a página, aos habituais colaboradores, Jean-Paul Battagia e Fabrice Aragno, como deveriam finalizar um filme que, supostamente, seria Scénarios . O tom descomprometido, a forma como afirma repetidamente que não sabe o significado de certos planos ou q...