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A mostrar mensagens de dezembro, 2024

2024 in Review, 20 Films

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Céline , Jean-Claude Brisseau Here is a list of the 20 best films I saw in 2024 (I don't watch enough, and don't care to do so, of new films to give a ranking of 2024 films) But anyway I'll start with Hong Sang-soo.  1.  A Traveler's Needs , 2024 2.  Tale of Cinema , 2005 Almost 20 years apart and so different, although their souls are the same. With Hong, it's always a matter of truth. Not just narratively, but the honesty of a person's heart.  3.  The Empire,  2024      Bruno Dumont Dumont never ceases to amaze me. I laughed so much in this film, and in the end it became much more profound than I expected. 4.  Cœur fidèle , 1923     Jean Epstein Saw this at the Cinemateca, and realized that silent cinema must be seen in a theater. What is essential to hear is the sound of the projector, the breathing of those around you, and your own heart beating.  5.  Numéro Zéro , 1971      Jean Eustache Nothing to...

"Acerca de Belarmino" por Nuno de Bragança

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Num texto publicado na edição nº256 da revista Vértice, em Janeiro de 1965, Nuno de Bragança apresenta a sua análise do filme BELARMINO (1964) de Fernando Lopes.  Nas figuras apresentadas de seguida, pode ser lido o texto na íntegra. "A mulher de Belarmino Fragoso, ao ver o filme pela primeira vez, disse para o marido: « Nunca pensei que a nossa vida fosse tão bonita »" - João Lima

Double Bill: Cluny Brown + No Quarto da Vanda

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  Cluny Brown, Ernst Lubitsch, 1946 No Quarto da Vanda, Pedro Costa, 2000 "It’s the same kind of girl. If Cluny Brown were alive today in certain parts of the world, she would be a kind of Vanda. Someone who’s building the world with her magnificence, and destroying herself at the same time." B.

A Rosa do Teatro - tradução de um texto de uma amiga anónima sobre "A Vingança de Uma Mulher", (2012), Rita Azevedo Gomes

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 Dois filmes, ambos protagonizados pelo Bill Murray… Lost in Translation e A Vingança de Uma Mulher . No primeiro, Bill Murray, libertino em declínio (interpretado por Bill Murray e chamado “Bob Harris”) conhece uma jovem mulher enigmática com quem partilha um estranho laço. Eles deambulam por Tóquio num estado de “ parallel play ”, unidos pela sua posição partilhada de forasteiros, turistas, Americanos, gozando, sendo provocativos, sem nunca dar voz aos seus verdadeiros pensamentos. No fim, a experiência de vida do libertino em declínio é reivindicada como benéfica para a jovem mulher. Ele sussurra-lhe palavras misteriosas de consolo, e estas dão-lhe força numa crise. Ele salvou o dia com a sua grande sabedoria. Depois vai cada um para o seu caminho, e nunca mais se reencontram. Uma visão possível do libertino. Em A Vingança de Uma Mulher , Bill Murray, libertino em declínio (interpretado pelo Fernando Rodrigues e chamado “Roberto”), conhece uma jovem mulher enigmática com quem ...

VOID ME - Filme de terror

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"Claro que a sala de cinema também é o habitat de um Deus Eu prometo que te farei feliz, por isso por favor chora no meu filme!  ☆" . . . "Algo que só os humanos conseguem fazer; só uma coisa me vem à cabeça - o vazio! Vácuo! Transformar o nada em algo é uma especialidade nossa Pelo facto de eu também ser um Vazio, irei então passar pelo centro. (...) Algo que desejamos porque somos humanos; só uma coisa me vem à cabeça - o vazio! Vácuo! Só quero que me encorajes e não digas mais nada Não sou nada, e isso é precisamente a razão pela qual te emprestarei o meu ouvido" -Seiko Oomori -Vasco

Double Bill: "Abram todas as portas!"

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  The New Janitor (1914) A Countess from Hong Kong (1967) Em 1914 Chaplin começa a fazer os seus primeiros filmes. Em 1967 faz o seu último. Num desses primeiros filmes,  The New Janitor , Chaplin constrói tensões com o abrir e fechar de portas. No último,  A Countess from Hong Kong,  também.       - Manuel 

Miguel Gomes, ou a apologia do particular

  Num país onde é proclamada (e provavelmente com razão) a retórica de que o cinema é coxo, institucionalmente ignorado, reduzido a um número de realizadores e obras que não superam os números de produção daquilo que se faz na Galiza, e onde, para o público comercial, a frase "é um filme português" é sinónimo de um mostrengo camoniano do tamanho e feiura de um buraco na calçada, qualquer vitória internacional atingida por um dos nossos, é vivida de forma exacerbadamente viva e inflamada. É bonito ver essa união, como quem abraça um desconhecido no rescaldo de uma vitória da seleção de futebol. Mas não deixa de ser curioso que a discussão sobre o objeto vitorioso passe para o plano secundário, sendo vista de forma unilateral, tabu, ou até mesmo não desejada. Analisa-se a vitória, vitória essa que nunca se esperou, ou em quem ninguém apostava, e deixamos de lado a vontade, ou sequer a circunstancialidade que possa propiciar a análise livre desse mesmo objeto. Criticar/analisa...

Alma Minha

 Um coração pode sempre bater mais. Quer seja por necessidade, ânimo passageiro ou simplesmente índole. Pouco vale taxonomizar a copiosidade de possíveis causas, é muito mais interessante direcionar o foco ao batimento pulsante em si. E, este filme, é um telegrafar completo dum destes palpitares rítmicos capazes de levar a terramotos, sem nunca esquecer o corpo que envolve esta bomba hidráulica, e o cérebro que também a informa. Num dos planos mais bonitos do filme vemos o protagonista (representado pelo realizador) enquadrado num plano picado, com o seu braço deitado e dobrado em ângulo reto, repousando levemente como cabeça acéfala na segunda almofada da cama onde dorme sozinho. Não a acaricia, nem faz pressão. O visível neste plano não é necessariamente a metáfora óbvia que se poderia forçar no enquadramento, o “coração sozinho que agora tem de bater pelos dois”, fechada aí, satisfeita com a sua superfície. O coração bate por dois sim (ou em sincronia: “Todas as noites é o mesmo...

Les Hautes Solitudes

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  Quantas vezes esse silêncio falou contigo? Em sonhos disseste-lhe: "Agora tenho de ir-me embora. Vou para ali, para trás daquela igreja. Podes encontrar-me lá quando quiseres". O que fervia em ti pedia a Salvação. Quantas vezes esse silêncio não falou comigo? Ele disse-me: "A solidão que se encontra no coração de um homem é inimaginável". E os outros só te inserem na profundidade do tempo, a (rara) consciência de um antes e depois. Abres os olhos e ouço tudo; o fantasma da memória ecoica. ... ... ... Como ele, sinto a mesma obrigação: "Hei de reconhecer-te pelo imortal silêncio". - Manuel

Oh God, please let him see me. Just let him see me, God, please, please, please

Já vi esta cena muitas vezes (e penso nela ainda mais recorrentemente), e acabo mesmo assim por nunca decidir se acho que a música vem de dentro da Glenda para fora, ou vice-versa. Provavelmente os movimentos contrários estão a acontecer em simultâneo (se calhar só se conseguem mexer assim, nesta sobreposição de planos translúcidos). -Vasco

Aux Armes, Aux Armes

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"La seule chose que nous pouvons faire, c'est faire du cinéma. Moi, je fais du cinéma. C'est ce que je peux faire pour le Vietnam [Cinéma] , au lieu d'envahir le Vietnam [Cinéma] avec une espèce de générosité qui force les choses, au contraire on laisse le Vietnam [Cinéma] nous envahir." No lugar de "Vietnam", leia-se "Cinéma". No lugar da câmara e do pincel, veja-se a arma de um bravo (um dos últimos tesos num mundo de eunucos - roubo a expressão a um bom camarada que me faz ver) . Loin du Vietnam (1967) Rough Riders (1997) Trinta anos separam estas armas. Mas continuam a ser armas. Filma-se, pinta-se e dispara-se. Godard ao longe, Millius de perto. -Rodrigo

Machorka-Muff

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  " Machorka-Muff , é a história de uma violação, da violação de um país, onde um exército foi imposto, um país que estaria mais feliz sem ele. O que significa fazer filmes na Alemanha, aliás, fazer filmes contra a estupidez, depravidade e preguiça mental que, como Brecht afirmou, são tão características deste país? O Hyperion responderia que significa que se está disposto a sangrarmo-nos até pálidos estarmos. E a isto, gostaria de acrescentar: Significa que eu serei incapaz de alcançar o grande público que desejo que o meu trabalho tenha. Mas, enquanto francês, o que me atraiu foi a possibilidade de fazer na Alemanha um filme que nenhum alemão poderia ter feito -   tal como nenhum alemão poderia ter feito o Alemanha, ano zero , ou nenhum americano o Semente do Ódio , ou nenhum italiano poderia ter escrito a Cartuxa de Parma ." "Deve saber que não escolheu um caminho fácil. E é por isso que escrevo, para dizer que fez um bom trabalho. O tema é emprestado dos nossos temp...

Ford/Costa

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  3 Godfathers (1948) /  Filhas do Fogo (2023)      "E as paisagens maravilhosas, trágicas ou prodigiosas, entram na sinfonia mutável para aumentar o seu sentido humano ou para introduzir o seu sentido sobrenatural, como num céu tempestuoso de Delacroix,   ou num mar de prata de Veronese."  - Elie Faure  - Manuel

Writings of Jean-Marie Straub on Roberto Rossellini

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The two texts are taken from  Straub-Huillet Writings (Translated and edited by Sally Shafto).   FIVE NEW FILMS BY ROSSELLINI   Five films by Rossellini will be released in Paris in their first run this season. These five films are L'amore (1947), Doư'è la libertà...? ( Where Is Freedom? , 1953), Viaggio in Italia (Journey to Italy , 1953), Giovanna d'Arco al rogo Joan of Arc at the Stake , 1954) and La paura (Fear , 1954).' L'amore (Una voce umana [The Human Voice] and Il miracolo (The Miracle]): An extraordinary recital by Anna Magnani shot by Rossellini in 1947, L'amore is made up of two medium-length films, Una voce umana , after Jean Cocteau, and Il miracolo , after a screenplay by Federico Fellini, which shocked certain American Catholics. Dov'è la libertà..? : Rossellini's first comic film with the Italian star Totò, who, after twenty years spent in prison, escapes and, disgusted by the life "free" people lead, returns to his ce...