Ver de perto o que está longe

Quando penso na ideia de filmar corridas de touros, é inevitável recordar as noites constrangedoras da RTP e as emissões pseudo-desportivas vindas do outro lado da fronteira. Não surpreende a aversão de muitos ao televisionamento do que acontece numa praça de touros. Albert Serra, felizmente, filmou de outro modo o métier do toureiro-popstar da actualidade, Andrés Roca Rey. O cenário do filme, o mundo das touradas, é uma dessas rachaduras que de quando em quando alimentam os noticiários e os debates em torno de prós e contras. Convoca todos os tipos de curiosos — vi-os reunidos na mesma sala. Uns, em excursão, convencidos de que iriam a uma tourada na 5 de Outubro, motivados pelo tio aficionado e pelo que leram na ¡Hola! sobre a fisionomia do príncipe destemido; gritaram olés , bateram palmas, e alguns concordaram em coro: «isto é melhor do que ao vivo». A outra tribo tapou os olhos e suspirou com repugnância. Todos couberam ali, incluindo os restantes. Uns afirmam ...