Ao ler o Silogismos da Amargura do Cioran, e sinto-me quase mal a dizer isto, regozijei ao deparar-me com uns aforismos, que embora não necessariamente maus, se calhar menos fortes, menos impactantes. Não por um sentimento de vitória, por sentir gozo em ver o mestre a malograr a sua escultura*, mas por estes abrirem espaço para respirar. Um livro de aforismos em que todos os aforismos fossem bons seria insuportável. Se um bom aforismo é como uma bomba que descarrila o teu dia**, um livro destes demorar-te-ia o resto da tua vida a ler, estando conscientemente a pedir de ti uma devoção monástica - exigência tirânica! Este raciocínio está de certa forma ligado à razão pela qual o Elogio do Amor do Godard ficou tão marcado na minha cabeça como um Filme-Aforismo , ou melhor, um bom Filme-Aforismo Não há de ser coincidência que numa entrevista de Pierre Assouline a Godard, uns poucos anos antes deste filme, ele use o Cioran como exemplo para falar da sua " queda para ...